Cólicas do BEBÉ lactente – Um pesadelo?
Recém-nascido em casa. Enxoval pronto para receber o bebé. Choro e mais choro e mais choro. Não é fome, não é frio, impossível ser calor. O que será?
SERÃO CÓLICAS?
Existem episódios recorrentes e auto-limitados caracterizados por alguns destes sinais:
- Choro de características diferentes;
- Inconsolabilidade;
- Contrações musculares;
- Expressões faciais/agitação sugestivas de sofrimento;
É isso que se passa com o seu bebé?
As cólicas são frequentes a partir dos 10 dias e passam aos 3 meses em cerca de 60% dos bebés e em 80 a 90% aos 4 meses. Em alguns bebés os sintomas podem persistir até aos 6 meses e, em raros casos até aos 9 ou mais. Estes episódios acontecem com maior frequência ao final de tarde ou início da noite. Pais, há esperança.
Mas quais são as causas possíveis para estas cólicas que tanto incomodam os bebés? São várias as causas possíveis das cólicas, são elas:
- Imaturidade do sistema digestivo/sistema nervoso
- Intolerância às proteínas do leite de vaca
- Intolerância à lactose
- Flora intestinal inadequada
- Técnica de mamada desadequada (deglutição de muito ar)
- Exposição ao tabaco
- Hipersensibilidade do lactente aos estímulos prévios
- Resposta inadequada dos pais ao choro
- Tensões/discussões familiares
Há mais boas notícias: em 95% dos casos resultam de um processo benigno e autolimitado.
«Tudo certo, mas como posso ajudar o meu bebé? É tão aflitivo vê-lo assim.»
A maioria das medidas gerais são recomendações com base em opiniões de peritos. Para bebés amamentados, existe evidência que a dieta da mãe tem impacto na severidade das cólicas. O leite de vaca e seus derivados foi identificado como uma causa importante de cólica em alguns estudos.
Sendo assim, da lista de alimentos a evitar pela mãe no bebé com cólica fazem parte:
Uma dieta hipoalergénica, com restrição de leite e produtos lácteos, soja, trigo, ovos, amendoins, nozes e peixe pode reduzir significativamente o número de episódios de cólicas em bebés amamentados. Outros alimentos a evitar incluem a couve-flor, repolho, brócolos, cebola e chocolate, bem como o café, álcool, comidas picantes ou muito condimentadas e bebidas gaseificadas.
Para os bebés que fazem leite adaptado, a mudança para uma fórmula hidrolisada pode ter impacto na redução dos eventos de cólicas, sendo importante falar com o médico de família ou pediatra antes de tomar esta decisão.
A REGRA DE OURO é: calma e controlo
É fundamental tranquilizar o bebé com tom de voz doce e suave, apesar de muitas vezes essa não ser a realidade perante pais exaustos. Força.
Poderão também ajudar como TÉCNICAS PREVENTIVAS:
– Estimular a eructação (o arroto);
– Apoiar o bebé sentado numa superfície dura (por exemplo uma mesa) durante cinco minutos duas vezes por dia – antes da primeira e última mamada do dia;
E ainda, como TÉCNICAS DURANTE A CÓLICA:
– Embalar o bebé no colo com som melodioso (gutural) do progenitor. Curiosamente, o som do pai, por ser mais grave e transmitir proteção, pode ser particularmente eficaz;
– Oferecer a chupeta ao bebé (caso o bebé use);
– Aconchegar o bebé;
– Estímulo visual e auditivo de roca ou de outro brinquedo;
– Estímulo auditivo de máquina de lavar/secar roupa ou loiça ou aspirador (ruído de fundo);
– Estímulo auditivo de música clássica ou outra música que se saiba tranquilizar o bebé (pode ser, por exemplo, música ouvida durante a gravidez);
– Deitar o bebé de barriga para baixo sobre as pernas do progenitor sentado e massajar suavemente o dorso. A pressão exercida na barriga pode ajudar a expulsão de gases;
– Massajar a barriga do bebé suavemente no sentido dos ponteiros do relógio;
– Caminhar com o bebé de barriga para baixo sobre o braço, de costas contra o peito/barriga do progenitor, com sling;
– Dar um passeio de carrinho na rua;
– Viajar de carro (embora não seja recomendável por rotina);
Existe ainda Medicação para a cólica do bebé.
O tratamento farmacológico pode ser uma opção de recurso em casos selecionados, nomeadamente, episódios recorrentes de cólicas de difícil resolução (resistentes às medidas gerais) ou que causem grande transtorno ao ambiente familiar.
É aconselhável e prudente falar sempre com o seu médico assistente antes de partir para esta opção.
E Quando se deve consultar o médico de família?
- Se não suporta mais a situação e se está muito nervoso.
- Se o bebé não ganha peso.
- Se o choro se acompanha de outros sintomas, tais como febre, vómitos, diarreia ou obstipação.
- Se a dor persiste para além dos 3-4 meses de idade.
Não conseguir dar apoio e alívio ao bebé nestas situações de cólicas pode ser muito aflitivo para os pais. Porém, com calma, paciência e ajuda é possível ultrapassar este desafio inicial.